segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Entrevista realisada para o livro "Sena Pernambucana"

Leidson Ferraz: Como é que vocês lidam com a critica?Fernando de Oliveira: Veja como empobrecemos nessa área! Já existiu no Recife a Associação dos Cronistas Teatrais de Pernambuco, fundada em junho de 1955. Eram mais de vinte sócios. E quando aparecia uma nova peça em cartaz essa peça era dissecada por todos. Hoje quase não temos espaço nos jornais.Reinaldo de Oliveira:Sempre respeitamos a critica.Isso foi algo que nosso pai nos ensinou. Claro que enfrentamos polemizadores, tivemos algumas ofensas, e é sempre bom ter o devido controle para não ir alem do que se deve ir. A Crítica construída é uma beleza. O próprio nome indica. Mas aquela que nasce de sentimentos menos grandiosos essas aí, a gente desconhecer. Por isso continuamos seguindo em frente desde 1941.Fernando Oliveira: Nosso espetáculos podem até não agradar como antigamente, mas continuaremos com a mesma filosofia principio que sempre nortearam o teatro de Amadores de Pernambuco: respeitar religiosamente o autor de cada uma de nossas peças e não admitir nunca que o nosso elenco não continue a ser de verdadeiros amadores, ou seja, todos aqueles que se dedicam a uma arte sem dela usufruir financeiramente.
Elaney Acioly: E como está o Teatro de Amadores de Pernambuco hoje?Reinaldo de Oliveira: Não podemos mais dispor de uma equipe como antigamente quando não havia nem televisão nem tanto grupo atuado. Dos anos de 1940 a 1960 fazer teatro era o lazer de muitos. Hoje em dia, quase todos os intérpretes têm outros espetáculos pra fazer, trabalham ou estudam a noite. O próprio Teatro Valdemar de Oliveira, para que se já mantido, precisa ser alugado a outros grupos. Ou seja, o teatro de Amadores não pode mais fazer quatro, cinco montagens diferentes a cada ano. Fazemos uma, duas no máximo, e co o carro-chefe sempre á frente, Um sábado em 30. Mesmo assim é difícil reunirmos as vinte e duas pessoas do elenco num mesmo ensaio. Esse é o trigésimo ano da montagem. E durante todo esse tempo, levamos a peça com as modificações que o destino impôs pelas mortes, de vários intérpretes do elenco original. Na verdade desde do dia 08 de julho de 1963, resta apenas Reinaldo de Oliveira que insiste em fazer o papel do Chico, personagem que era novinho saliente na época, e que agora já estar de cabelo branco. Maria Paula e Stella Rabelo serão responsáveis pelo remonte das personagens Sá Nana e Quitéria, que eram vividas respectivamente, por mamãe e Vicentina do Amaral. Mas estamos mantendo a direção original de Valdemar de Oliveira. O diferencial é que, agora estamos adotando certas duplicidades: dois atores dividindo a mesma personagem. Isso porque o teatro de Amadores de Pernambuco adotou um sistema muito curioso desde que levamos em cena Solteira e que eu não fico, um sucesso de público. O elenco Havia sido classificado no voluntariado e tínhamos dezenas de pessoas para contemplar numa peça com poucos personagens. Surgiu então, a idéia de se fazer o espetáculo alternando dois elencos e até revezando atores entre eles. O mesmo aconteceu nos papéis principais de Bob & Bobete. Bob,numa noite era vivido por Alberto Brigadeiro; noutra, era vez de André Ricardo[André Riccari];tipos completamente diferentes. Isso foi uma experiência curiosíssima para mim como diretor e para eles como intérpretes. Pelo menos pôs abaixo a idéia de que não se pode misturar com o elenco.
Elaney Acioly: O TAP sofreu algum tipo de patrulhamento ideológico?Reinaldo de Oliveira: Como papai sempre quis, o TAP nunca se meteu em política porque quando um grupo se envolve e os rumos do país mudam, tudo se acaba. Vários grupos passaram por isso. Geninha da Rosa Borges: Diziam até que éramos um grupo alienado. E acredito que essa é uma das razões de certo desprezo da classe artística pra conosco, porque sempre nos consideraram um elenco de elite.
Elaney Acioly: Quando surgiu a idéia de se construir o Teatro Valdemar de Oliveira ?Reinaldo de Oliveira: Inauguramos nossa própria casa de espetáculos em 23 de maio de 1971, então chamada de Nosso Teatro, desejo de papai desde os tempo do Grupo Gente Nossa. Essa foi a maior realização, sem sombra de dúvida. Desde lançamento do Grupo, em 1941, o Santa Izabel era nossa sede, porque papai foi diretor do teatro de 1939 a 1950. Nos anos seguintes, Alfredo de Oliveira o substituiu. Mas em 1960, com o Governo Arraes no Poder, o cargo passou a ser de Joacir Castro, um dos fundadores do MCP, grupo que não via com bons olhos, principalmente porque papai nunca levantou bandeiras à esquerda, pelo contrário. O TAP, então foi posto pra fora do Santa Izabel. Aqueles foram anos difíceis, porque nada foi possível conseguir. Arranjar pauta, então cada vez mais complicado! Para vocês terem idéia, em 1968, quando papai desejou montar a comédia policial Oito mulheres, de Robert Thomas, a peça teve que ser apresentada no teatro do colégio das Damas, único espaço possível naquele momento. Pois bem, nessa luta por um teatro próprio, somente dezesseis anos depois da iniciada a campanha, à custa da ajuda de muitos amigos, o Nosso Teatro foi inaugurado, e a parti daí as rendas dos espetáculos voltaram- se para sua manutenção. Mas nunca deixamos de destinar uma parte do dinheiro para instituições beneficentes. Quando Papai faleceu em 1977, mudamos o nome do teatro para Valdemar de Oliveira. Em 19 de outubro de 1980 ocorreu uma tragédia: um incêndio praticamente o destruiu, mas sua restauração se deu nos 2 anos seguintes, novamente após uma árdua luta.
Silvana Menezes: O que para vocês, caracteriza ser amador no teatro?Reinaldo Oliveira: Primeiro, o idealismo, o amor pelo qual fazemos teatro; segundo, a verdade absoluta de que nenhum centavo recebemos. Por isso estamos existindo desde de 1941. Porém, o profissionalismo que é abraçado por alguns dos nossos em oportunidades com outros grupos, é visto com a maior grandeza. Apenas todos têm a plena consciência dw que quando retornam ao nosso elenco, reassumem a condição de idealismo, de amadores na mais pura acepção da palavra.Fernando Oliveira:Essa é uma filosofia de trabalho que vem desde o Gente Nossa, porque nem Samuel nem papai nunca receberam dinheiro algum pela participação deles no grupo.Elaney Acioly: Algum fracasso no TAP?Fernando de Oliveira: É preciso analisar as razões que levam uma peça a sair de cartaz. Eu diria que o TAP nunca teve intimidade com o fracasso.
Elaney Acioly: E quanto a um sábado em 30, Luiz Marinho? Como surgiu esse marco do teatro Pernambucano?Fernando Oliveira: Um sábado em 30 estreou em 1963 e conquistou o prêmio Samuel Campelo de melhor espetáculo do ano pela ACTP. A partir de então, excursionou por quase todas as principais cidades do Brasil. E digo mais: é uma peça que não conhece o que é ser representada para meia casa. No Rio, por exemplo, tivemos que dar duas récitas seguidas no último dia de apresentação.Reinaldo de Oliveira: Em sábado em 30 foi levado durante 29 anos ininterruptamente. Todo ano cumprido apresentações, por um dois ou três meses. Paramos somente em 1992 quando Vicentina do Amaral e Romildo Halliday já havia falecido, e mamãe adoeceu, ficando impossibilitada de atuar.
Elaney Acioly: Como é que o TAP conseguia viajar pelo Brasil com tantas pessoas ?Reinaldo de Oliveira: Tudo isso era elaborado com muita antecipação, principalmente para conciliarmos as férias de trabalho de tanta gente. E aproveitamos para levar de quatro a cinco peças do nosso repertório, em temporadas que chegasse a durar um mês. No total realizamos mais de cinqüenta excursões a mais de vinte cidades brasileiras.
Elaney Acioly: Dá para ver que desde seu surgimento em 1941, o teatro de Amadores foi realmente um palco de aprendizado para a arte?Fernando de Oliveira: Isso numa época em que nem se cogitava a criação de um curso de arte dramática na Escola de Belas Artes. Então, pode – se dizer que o TAP formou muita gente que, hoje inclusive, atua como profissional. Um exemplo é Sebastião Vasconcelos que hoje é ator extraordinário, já alguns ano na TV Globo. Detalhe curioso é que ele, quando atuava nos nossos elencos, chegou a assinar como Paulo Alcântara, temendo a reação do pai.
Elaney Acioly: Como doutor Valdemar escolhia o repertório ?Reinaldo de Oliveira: Papai lia muito sobre grandes espetáculos do mundo e costumava se dirigir à Sbat-Sociedade Brasileira dos Autores Teatrais- em busca de uma copia do texto. Se ele se agradasse do original, reunia todo o grupo para Uma leitura mais nunca impôs nada.
Elaney Acioly: Eu gostaria que vocês explicassem por que o doutor Valdemar era considerado o homem dos sete instrumentos?Reinaldo de Oliveira: Embora ele só tocasse um, e muito bem, o piano. Mas Valdemar de Oliveira era assim chamado, porque exercia várias funções: médico, especializado em Saúde Pública; advogado, jornalista, professor, escritos, compósitos, autor teatral, diretor,ator, além de ter sido um pai de família exemplar.Mas sem dúvida alguma, de todas essas atividades, a arte era o seu maior instrumento. Mas, sem dúvida alguma, de todas essas atividades, a arte era seu maior instrumento. Desde de cedo, nele despertou uma grande paixão pela música e pelo teatro. Sua primeira opereta composta, Berenice, foi levada à cena em 1923, no teatro de Santa Izabel, reunindo cem amadores da alta sociedade recifense e, acreditem, com mais de cinco horas de duração. Mesmo assim, um sucesso. Foi nessa época que papai conheceu o extraordinário teatrólogo Samuel Campelo que convidou para entregar no grupo gente Nossa, cuja a sede era no Teatro Santa Izabel. Teatro dos Amadores de Pernambuco nasceu como um departamento autônomo do grupo Gente Nossa, com a morte de Samuel surgiu a idéia de um novo grupo de teatro, e quando papai foi convidado pelo doutor Octavio de Freitas a realizar uma noite de arte que rendesse algo para o novo prédio de medicina e o encerramento das festividades do centenário da instituição. Ai papai resolveu fazer uma representação teatral enfrentando o preconceito reunindo um elenco somente com médicos e suas esposas. Assim nasceu o Teatro dos Amadores de Pernambuco.

Entrevista: Leidson Ferraz


Entrevista Exclusiva com Leidson Ferraz Autor do livro: A cena pernambucana
*Qual a importância do teatro hoje na vida do povo?
Eu acho uma coisa fundamental.Teatro é uma arte muito artesanal, que conquista exatamente porque as pessoas estão diretamente em contato com as outras.A gente pode ver o ator ali, bem mais próximo, suando, rindo e se esforçando para fazer um trabalho de qualidade.E é essa relação mágica que diferencia o teatro do cinema e da televisão porque ele modifica a cabeça, tem uma característica de questionar, de se fazer pensar.É muito importante nesse sentido porque além de ter a função de aproximar o espectador do movimento artístico, sempre acrescenta alguma coisa nas pessoas.
*Como é o teatro hoje em relação à inclusão social?
Com a criação das leis de incentivo, o teatro ganhou e perdeu muito, porque os governos começaram a cobrar muito essa contra partida social.Eu sou contra.Isso para mim a contra partida social já é a existência do teatro e favorecer a arte para a população.Eu não estou preocupado se estou fazendo uma arte para todo mundo, eu não tenho que ter obrigação de levar gente da periferia para assistir.É meio cruel isso, mas, essa é a minha contra partida social.Eu já faço minha arte, os governos entendem diferente, eles acham que os artistas tem a obrigação de levar gente de subúrbio e da periferia.Essa é uma ação que os governos deveriam fazer e não nos artistas, claro que qualquer artistas quer que a platéia seja mais diversificada, mas, isso é uma função do governo e não da parte artística.Então, a gente se sente obrigado a baratear ingressos e levar gente da periferia.Eu acho que devem existir campanhas de popularização e parcerias com as secretarias de educação e com o governo para levar as pessoas que as vezes nem sabem o que é teatro, vão para o teatro pela primeira vez, eu acho que isso deve existir mas não é não uma obrigação artística e sim do governo que deveria procurar os espetáculos para fechar parcerias para levar as pessoas que estão em uma situação financeira mais precária.
*Na época de Valdemar, qual era o conceito do teatro?
Quando Valdemar resolveu fundar o teatro de amadores de Pernambuco, o teatro ainda era uma arte mal vista e eu acho que hoje ainda é. Foi Agamenon Magalhães que chamou Valdemar para ser representante do teatro Santa Isabel, onde Valdemar foi muitos anos diretor e foi Agamenon Magalhães que possibilitou a circulação do TAP. Valdemar antes era médico, mas, abandonou a medicina pelo seu amor pelo teatro que surgiu desde criança. Quando ele fundou o TAP, já era um homem conceituado e importante para todos nós, pois, antes do TAP, lançou na cidade um grupo que só tinha gente da alta classe social.Teatro era uma arte para gentinhas, eram gente do povo e as mulheres não eram bem vistas, eram consideradas prostitutas.Então, quando ele montou o TAP, colocou médicos e suas esposas,pessoas que eram respeitadas na sociedade, então, não podiam mas dizer que teatro era arte de gentinha.
*Qual é a questão de sobrevivência do teatro de Pernambuco?
O teatro é uma arte de crise. Sempre que existiu a gente reclama de publico. Quando começou a surgir o cinema, as pessoas achavam que o teatro iria morrer que ninguém mais iria querer ver teatro, mas, o teatro resistiu.Quando veio a televisão, todo mundo dizia que o teatro ia morrer, mas, o teatro resistiu.Aí, veio a internet, onde as pessoas se divertem dentro de casa sem ter que correr risco de ser assaltado perto do teatro que não tem seguranças, pagar um ingresso pra ver a peça, mas, as pessoas que querem ver teatro hoje, são as que amam o teatro e não podem viver sem ele.
O teatro é uma arte que não vai morrer nunca. Sofre pela falta de público porque hoje, tudo é divulgação e uma propaganda é cara, e a gente não tem dinheiro para pagar.Os empresários não querem nos financiar porque o teatro é uma arte para poucos.Quem quer bancar uma peça que tem 1200 lugares ou bancar um show para 15.000 pessoas?Lógico que um show. E um teatro a entrada é bem mais barata e todos os shows aparecem na televisão.
Em relação ao público, eu acho que todos freqüentam teatro. O problema é que para os adolescentes, não existem peças específicas, ai agente perde o público.
*Qual é o objetivo do TAP?
Primeiro, ele queria quebrar com o preconceito e fazer um teatro de qualidade. Valdemar montou peças maravilhosas e circulou muito pelo Brasil, foi um dos homens mais importantes para nosso teatro. Na época que fundou o grupo, ele foi muito importante, mas, existiram outros homens que mudaram um pouco da realidade teatral.
*Qual é o objetivo do teatro quando foi fundado e hoje?
O teatro existe desde que o homem é homem quando os primatas começaram a fazer as coisas dos deuses, quando eles começaram a vê a utilização do fogo.Ali já era uma forma de representação teatral, quando existiam um membro daquela tribo que passou a ser uma forma de feiticeira e o efeito de seduzir as outras pessoas, aquilo a gente podia dizer que era uma forma de manifestação teatral.
Ao longo das épocas, o teatro foi utilizado de varias formas pela ditadura militar que arruma uma forma de manipular as pessoas.Tem um tipo de teatro que é condenado por muita gente porque vem para bipolar as pessoas e eu acredito que o teatro ainda tem uma característica política, pois existe vários espetáculos que não estão sentido político literalmente, mas, se no sentido de desperta o cidadão dos direitos que ele tem enquanto cidadão e despertar o homem para a vida, eu acho que o teatro questiona tudo, fala tudo.
*Qual foi a peça do TAP que mais lhe chamou atenção?
Sábado, Domingo e Segunda. É uma peça italiana, com mais de 3 horas de duração que era uma peça que me emocionou bastante. Era extremamente natural. Tanto que a personagem principal cozinha em cena e depois a platéia podia comer o que ela tinha cozinhado, uma macarronada italiana. Era Reinaldo que trabalhava na direção dessa peça, era o que o TAP sabia fazer de melhor deixar os atores à-vontade.

Palestra Geiza


No dia 17/04/08 tivemos uma palestra com a ilustre estudante de teatro e admiradora de Valdemar de Oliveira, Geiza Muniz, sendo uma pessoa muito dinâmica, ela enfatizou que Valdemar foi um homem que modificou a história do teatro, dando assim, a certeza de que ele foi um ícone pernambucano e que jamais será esquecido na história do Brasil.

Entrevista com Reinaldo de Oliveira


Fizemos uma entrevista com Reinaldo da Rosa Borges de Oliveira, filho de Valdemar de Oliveira e Diná de Oliveira, de quem herdou o amor pelo teatro e pela literatura.É seu sucessor, juntamente com seu irmão, Fernando de Oliveira, no Teatro de Amadores de Pernambuco, onde exerce a direção do Teatro Valdemar de Oliveira. Ele comentou um pouco sobre a vida pessoal de Valdemar e como estar à situação do TAP hoje em dia.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Quem foi Valdemar de Oliveira?


Nasceu no dia 2 de março de 1900, na cidade do Recife. Filho de Bianor de Oliveira e de D. Maria da Penha. Estudou no Colégio Pritaneu, transferindo-se depois para o Pedro Augusto e o Salesiano. Em 1917 entrou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde se formou, e um ano depois doutorou-se, defendendo com brilhantismo a tese Musicoterapia. Quando trabalhava como médico no Departamento Estadual de Imigração, no Recife, no final da década de 20, conheceu Esmeraldina da Rosa Borges (Diná), com quem se casou em 1929 e teve dois filhos: Reinaldo e Fernando. Na década de 30 resolveu abandonar a clínica e os hospitais por problemas pessoais e dedicar-se definitivamente ao magistério. Ensinou na maioria dos grandes colégios do Recife e nas Faculdades de Filosofia Federal e de Filosofia do Recife. Em 1936, ingressou na Academia Pernambucana de Letras, sendo seu presidente entre 1949 e 1961. Foi membro da Academia de Medicina, do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambucano e do Conselho Estadual de Cultura. Durante os anos de 1939 a 1950 foi diretor do Teatro Santa Isabel, no Recife. O jornalismo também era uma de suas cátedras, dirigiu várias colunas nos Jornais Diário de Pernambuco e Jornal do Comércio. O teatro e a música foram também duas grandes paixões. É autor de várias peças de teatro. Escreveu ainda dois livros de memórias: Mundo submerso (1966) e Quando eu era professor (1973). Morreu no dia 18 de abril de 1977, no Hospital Geral de Urgência do Recife, em conseqüência de complicações renais, agravadas após uma queda nos jardins de sua casa, ocorrida no dia 10 de fevereiro, na qual havia fraturado o ilíaco. Um mês antes de morrer, recebeu o primeiro prêmio de um concurso de monografias promovido pelo Serviço Nacional de Teatro.

Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP)

O TAP é uma companhia teatral composta exclusivamente por atores amadores. Fundado por Valdemar de Oliveira, nasceu a partir de um grupo de atores do Recife, o Grupo Gente Nossa, criado em 2 de agosto de 1931 por Samuel Campelo. O Grupo foi fundado no Teatro Santa Isabel e estreou no Recife com a peça A Honra da Tia, que fez um grande sucesso. O Grupo Gente Nossa, estava sob a responsabilidade do Teatro Infantil. Dois anos depois do surgimento do centenário da Sociedade Pernambucana de Medicina, Otávio Freitas chamou o seu amigo Valdemar de Oliveira para comemorar a importante data com uma atividade cultural e resolveram montar uma peça teatral. Valdemar reuniu a própria família e os amigos para encenar a peça Dr. Knock. Na época, um dos seus maiores desafios foi o combate ao preconceito. Isto porque atores e atrizes não eram bem vistos pela sociedade, não tinham classificação social e eram consideradas pessoas de comportamento suspeito. Ninguém aceitava que uma mulher entrasse em cena. E para piorar as coisas, o teatro era considerado como uma arte inferior, baixa. A peça Dr. Knock obtém um grande sucesso artístico, social e financeiro. Dessa maneira, estava formado o Teatro de Amadores de Pernambuco, grupo que se inspirou nas idéias de Samuel Campelo, ídolo maior de Valdemar de Oliveira. A partir dessa peça, o grupo ganhou status cultural no Recife. Foi a admiração por Samuel Campelo que fez Valdemar de Oliveira criar o Teatro de Amadores, que ficou constituído como um departamento do Grupo Gente Nossa, mas independente no que diz respeito ao elenco profissional

Academia Pernambucana de Letras


Valdemar entrou na Academia Pernambucana de letras por culpa do seu amigo Lucilo Varejão que propôs seu nome e sem nem pedir voto foi eleito.
Lá estreitou grandes laços de amizade e admiração, como: Mário Melo, Jerônimo Gueiros, Costa Rego Júnior, Paulino de Andrade e Lins e Silva.
Em 1949 Valdemar foi eleito presidente por anos sucessivos até 1961. Durante esse tempo nunca brigou com ninguém, mas, acadêmicos se afastaram da academia por antipatia pelo seu presidente. Até que um dia Valdemar escreve um relatório que dizia: "Mais bem empregados seriam os esforços de cada um (dos companheiros da diretoria) se contassem eles com outro presidente, que eu já dei, de mim, o pouco que podia dar. Resistir, quando pude, todos o sabem, a mais essa reeleição, na qual, não faltou quem descobrisse o timbre de um odioso continuísmo. Para meu mal ou , mal da academia, não surgiu uma chapa da oposição que eu cegamente votaria "

Construção do Nosso Teatro


Aderbal Da Costa Carvalho doou ao Teatro de Amadores de Pernambuco, o teatro Almare, no Parque 13 de maio, financiando a sua construção. Foi gasto muito dinheiro e tudo ia bem para a breve inauguração, mas se erguia um grande cartaz do Governo Estadual informando que iria ali levantar o auditório do Instituto de Educação. O velho Teatro Almare foi totalmente arrasado, mas só recentemente o espaço foi aproveitado. O Governo Nilo Coelho ali ergueu a nova Biblioteca Pública do Estado. Aderbal obteve do governador uma razoável compensação pela retiradado teatro, uma pequena verba e o prédio abandonado da antiga escola Padre João Ribeiro, na Encruzilhada, esquina com Castro Alves, onde foi levantado o Edifício TAP. A solução foi a compra da casa 412, na Praça Osvaldo Cruz, com seu terreno em forma de L. Seria ali o local onde construir-se-ia o teatro, pois o ideal seria o TAP ter o seu teatro próprio. E começaram as obras. Foi difícil, mas eles tinham esperança de terminar. Houve necessidade de fechar o Santa Izabel para obras inadiáveis, justamente quando o mesmo festejava o seu vigésimo nono aniversário. Sem casa de espetáculo, nesta fase de aniversário, onde exibir? Fortalece-se a necessidade de conclusão de nossa obra. Só que não havia como terminá-la, porque eram várias despesas que o TAP não podia enfrentar, e faltavam várias coisas para a finalização. Eles resolveram pedir a generosidade e a compreensão de seus amigos. “Obtivemos, um dia, a boa vontade do Banco Nacional do Norte, para um empréstimo de cem mil cruzeiros, mas, os empréstimos apresentam um grande inconveniente: mais dia, menos dia, têm que ser pagos. E nós nem podemos, nem devemos, assumir compromissos, porque ainda não temos renda certa. Desculpem os que nos deram e os que ainda nos vão dar: só podemos pagar aos nossos benfeitores com gratidão.” Depois de muita luta eles conseguiram chegar lá e comemorar os 29 anos do Teatro Santa Izabel no NOSSO TEATRO.

Incêndio




Dia 19 de outubro de 1980, era um domingo, o teatro estava lotando. Uma luz negra ficou acesa e encostou-se à bambolina mestra, num piscar de olhos o fogo se alastrou. Foi o tempo de fechar a cortina e as pessoas se retirarem. Nenhuma data marcou tanto a vida do Teatro de Amadores de Pernambuco O Nosso Teatro foi destruído, virou cinza e ferros retorcidos.
Diná de Oliveira, abraçada a Reinaldo, ouviu dele:- Mamãe, nós vamos fazer este teatro de novo.
E pouco tempo depois começou a sua reconstrução, com a ajuda do povo do Recife. Riscaram a palavra não das conversas sobre a reconstrução e lutaram para reerguer o teatro, com campanhas pelas rádios. As pessoas ajudaram com a doação de cimento, materiais de construção, etc...

Reconstrução


Dia 20 de Dezembro de 1982, uma noite de festa , também não é para menos, teatro lotado, todos muitos felizes, cada um tinha a certeza de ter contribuído para que aquele momento acontecesse. 26 meses de trabalho para a reconstrução do teatro, cada um ajudando no que podia. Era como se Valdemar tivesse morrido outra vez lembra Reinaldo. “Ainda desta vez, não tenham duvidas, foi ele quem o reconstruiu, pelo de amor à causa, através de seu estandarte inatacável da vida do Teatro de Amadores de Pernambuco”.